28.5.05

Antes de batizar seu filho

Palavras iniciais

Queridos pais;

Ao batizarem seu filho vocês estão fazendo muito mais do que uma mera formalidade: vocês estão obedecendo um ordem de nosso Senhor. E, tenham certeza, de que na há de mais importante para a educação de uma criança do que ser criada conforme o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria.

A criança vê o quanto seus pais temem a Deus e aprende a teme-lo também. Da mesma forma, ao desobedece-lo, a criança também será testemunha disso e crescerá, não apenas debaixo da desobediência dos pais, mas a imitará de si mesmo.

Acima de tudo, porém, há uma grande consideração a mais que se deve fazer: ao colocarem seus filhos como herdeiros do Pacto, não apenas estão procurando os interesses dele, mas acima de tudo estão confiando em Deus como o grande guardião das promessas deste Pacto tão importante, que tem como fiador próprio Filho de Deus.


O que a Bíblia diz
Batizar nossos filhos é um doutrina que pode ser deduzida de diversos textos e do ensino geral da Sagrada Escritura. Entretanto, como não é o caso de se escrever um verdadeiro tratado sobre o assunto, já que muitos o fizeram bem melhor do que eu poderia faze-lo, vale pensar em um texto que é básico para o entendimento disso: Cl 2.6-15 - Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. 10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade. Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.

Neste texto o apóstolo Paulo está chamando a atenção dos crentes da Igreja de Colossos para que não se deixassem enredar pelo que algumas pessoas más estavam ensinando sobre Cristo, pois nele “habita corporalmente toda a plenitude da divindade”, nele estamos “aperfeiçoados”, ele “é o cabeça de todo principado e potestade”, e nele fomos circuncidados.

Certamente há que se perguntar: como? E, ele adianta-se explicando: através do batismo.
Ora para a Igreja cristã o batismo é o substituto da circuncisão (característica do Antigo Testamento), de modo mais amplo pois atinge a homens e mulheres e sem derramamento de sangue, pois o verdadeiro sangue, do qual todos os demais eram apenas tipo, foi derramado de uma vez por todas.

Resta a nós perguntar. Como era feita a circuncisão nos dias de nossos antepassados? Há muito o que dizer sobre esse assunto, entretanto o fundamental, para o que nos interessa aqui, e lembrar que era feita ao oitavo dia, e, que a pessoa que não fizesse violaria o Pacto que Deus fez com Abrão, nosso pai na fé. Veja: Gn 17.9-14 - Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado.
Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança.

Veja, que quem faz as promessas é Deus. Ele é o grande comprometido quando pactua conosco. Tudo que nos cabe é trazer o sinal do pacto e ele é o Deus nosso e de nossos filhos.


O que a história nos ensina
Até o Século 16 a praxe cristã era batizar todas as crianças. Alguns grupos minoritários não o faziam, especialmente aqueles que viam no batismo o único modo de lavar os pecados do dia-a-dia. Como viviam se batizando (após pecarem), ficaram conhecidos como “anabatistas”.

Com a Reforma Protestante, diversos grupos que se voltavam contra a igreja de Roma, voltaram-se também contra suas práticas. Ela afirmava então, e ainda afirma hoje que o batismo lava o “pecado original”, ensino que as Escrituras não fazem. Nada mais lógico que, por esse motivo, abandonassem a prática de algo que é bíblico, não conforme a Igreja de Roma ensina, mas em decorrência de se obedecer ao Pacto.

Com o crescimento dos ramos protestantes que não consideravam os ensinos do Pacto o batismo de crianças foi também diminuindo.

O terrível é que com esse abandono, apareceu uma prática, que, de tão comum em nossos dias, resolvi escrever este texto para todos os pais que hão de apresentar seus filhos ao batismo, para que façam, não por tradição, mas conscientemente.

A grande maioria das crianças filhas de pais cristãos protestantes (ou evangélicos de um modo geral), é ensinada, desde cedo que não pertence ao Pacto, quando o batismo diz exatamente ao contrário.

Quantas vezes nossos filhos, na mais tenra idade, ainda não alfabetizados, são exortados a “convidar Jesus para morar em seus coraçõesinhos”, ou a “decidirem-se por Cristo”, quando deveriam ser lembradas constantemente, que pelo batismo, já foram consagradas ao Senhor e são também “pactuantes” da mesma graça.


Compromissos que se estabelecem

Da Parte de Deus

De ser o nosso Deus e Deus de nossos filhos.
Essa é uma verdade esquecida, mas o texto de Gênesis é bem claro. Nossos filhos são partícipes do pacto que fizemos com Deus. Mais tarde, quando cônscios do que crêem, eles confirmarão. Enquanto não puderem faze-lo, nós os representamos.

De visitar nossa iniqüidade em nossos filhos e também ser-lhes misericordioso
Veja Êxodo 20.4-6: “4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem 6 e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.”

Aqui temos a promessa e ameaça do Senhor. Deixar de levar tal advertência em conta é um grande perigo do qual temos de nos desviar.

Santificar nossos filhos. Esta garantia temos como grande alívio nos casos aflitivos de ruptura que muitos lares vivem. O texto sagrado é claríssimo: Os filhos de, pelo menos um crente, são santos. Veja 1Co 7.14: Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.

Por favor, lembre-se que santo, não significa apenas o que não comete pecado, mas também o que é consagrado. Este é o sentido da palavra neste texto.

De recebê-las. Essa é uma das mais sublimes afirmações feitas por nosso Mestre e Senhor: Mt 19.13e14: Trouxeram-lhe, então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam. 14 Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.


Da Parte dos Pais

De receber de graça o Pacto outorgado por Deus. Diferentemente do que ocorre conosco quando fazemos um pacto em que as partes pactuantes estão em pé de igualdade, o Pacto feito pelo Senhor nosso Deus, é outorgado, pois ele sabe muito bem que nada podemos fazer para cumpri-lo. Seu cumprimento é providenciado por ele mesmo através de seu Filho. Cabe a nós apenas recebe-lo e em obediência externar a todos que vivemos debaixo deste Pacto Sagrado, mediante o sinal do batismo.

De conscientizar os filhos. Nossos pequenos dêem crescer consciente de que um dia os representamos diante de Deus no recebimento deste Pacto, e que, quando eles estiverem grades o suficiente para entender o que é a graça da qual este Pacto deriva-se, eles deverão confirma-lo na presença do Povo de Deus através do que em nossa Igreja é chamado de Pública Profissão de Fé.


Palavras finais

Conselhos de um pai: Nunca leve seu filho duvidar ou ser exposto à dúvidas sobre o amor de Deus, nem sobre como nós devemos responder em obediência a este amor.

Ensine primeiro a seu filho a ser justo. Como Deus fez com seu povo. Ensine primeiro o olho-por-olho e dente-por-dente. Depois que ele tiver aprendido bem, não deixe de ensinar-lhe o perdão e a graça.

Não permita que um erro fique sem uma punição. Lembre-se de que seu filho terá de Deus, mais tarde, um conceito muito parecido com que ele está fazendo de você hoje enquanto cresce.


Conselhos do pastor: Jamais leve seu filho pensar que pode inventar da própria cabeça que pode agradar a Deus, ou pode fazer coisas que agradam a Deus, sem a medição de Cristo.

Não admita outro critério de certo ou errado que não a Palavra de Deus. Tenha suas próprias regras mas fundamente-as todas na Palavra de Deus.

Lembre-se de Ef 6.4 (E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor), e eduque seu filho “na admoestação do Senhor”. Todas as vezes que ficar ofendido com o que ele praticou, veja se isso ofende a Deus também. Se ofender castigue-o.
Se não ofender, não queira ser mais santo do que Deus, e não o provoque a ira.

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