30.5.05

Ordem no culto 2 de 3

I – Introdução
Falar sobre um assunto como este, além de ser uma tarefa ingrata, é muito difícil. Primeiro, porque cada um de nós pensa ter a noção exata do que é reverência e ninguém é mais reverente que nós. Segundo, porque, com o tempo, o conceito do que significa reverência foi muito alterado.

Por isso, tenho que me cercar de cuidados para que este assunto fique adstrito apenas ao que a Palavra de Deus nos ensina e evitar todo e qualquer subjetivismo.


II – Os textos bíblicos
Pesquisando na Edição Revista e Atualizada de nossa Bíblia em Português brasileiro encontramos os seguintes textos:

Reverência
1) 1Sm 24.8 Depois, também Davi se levantou e, saindo da caverna, gritou a Saul, dizendo: Ó rei, meu senhor! Olhando Saul para trás, inclinou-se Davi e fez-lhe reverência, com o rosto em terra. Traduz a palavra – shachah – que no Antigo Testamento é traduzida também por: Adoração (99 vezes), prostrar-se (31 vezes), prostrar-se ao chão (18 vezes), obediência (9 vezes), reverência (5 vezes), cair (3 vezes), por outras palavras (7 vezes).

2) Tt 2.7e8 - 7 Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, 8 linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito. Traduz a palavra semno, - semnotes - que caracteriza coisa ou pessoa que se distingue dos demais por possuir as qualidades: reverência, respeito, dignidade, majestade, santidade, honra e pureza. É traduzida no Novo Testamento por: reverência (1 vez), gravidade (1 vez), honestidade (1 vez).

3) Hb 12.28 –29 28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; 29 porque o nosso Deus é fogo consumidor. Traduz a palavra - aidos - que pode ser uma partícula de negação, ou uma referência a ‘olhos baixos’. Também pode referir-se a Senso de vergonha [nosso vulgar: desconfiômetro], honra, modéstia, abatimento, reverência, discrição e respeito. É traduzida no Novo Testamento por: rosto envergonhado [o vulgar: “carão”] (1 vez), reverência (1 vez).
Reverenciadas.

4) Lm 5.12 12 Os príncipes foram por eles enforcados, as faces dos velhos não foram reverenciadas. Traduz a palavra - hadar - que no Antigo testamento é traduzida por: honra (3 vezes), serenidade (calma) (1 vez), dobra (1 vez), glorioso [no sentido de imperturbável] (1 vez). Pode significar também honra, adorno, glorificar, ser altaneiro.

Reverenciai-o
5) Sl 22.23 23 vós que temeis o SENHOR, louvai-o; glorificai-o, vós todos, descendência de Jacó; reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel. Traduz a palavra - guwr - Submeter-se, suportar, habitar em, habitar com, remanescer, morar. No Antigo Testamento é traduzida por: submeter (58 vezes), morar com 12 (vezes), amedrontar (6 vezes), estrangeiro (6 vezes), jugo (4 vezes), medo (3 vezes), suportar (2 vezes), juntar (1 vez), outros sentidos (5 vezes).

Reverenciareis
6) Lv 19.30 30 Guardareis os meus sábados e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o SENHOR. Traduz a palavra - yare - No Antigo Testamento é traduzida por: medo (188 vezes), temor (78 vezes), terror (23 vezes), coisa terrível (6 vezes), amedrontador (5 vezes), reverência (3 vezes), amedrontado (2 vezes), atos terríveis (1 vez), e outros sentidos (8 vezes)

7) Lv 26.2 2 Guardareis os meus sábados e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o SENHOR.
Idem a anterior

Reverenciem
8) Gn 27.29 29 Sirvam-te povos, e nações te reverenciem; sê senhor de teus irmãos, e os filhos de tua mãe se encurvem a ti; maldito seja o que te amaldiçoar, e abençoado o que te abençoar. (Idem ao texto 1)

Reverente
Mt 18.26 26 Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei.

Traduz a palavra - proskuneo - Possui o sentido básico de beijar como um cachorro lambe a mão de seu dono, e pode significar beijar a mão de alguém em reverência. Entre os orientais, especialmente entre os Persas, significa cair de joelhos e tocar a terra com a testa em sinal de reverência. No Novo Testamento significa ajoelhar-se ou prostrar-se para homenagear alguém, ou demonstrar obediência ou ainda para fazer uma súplica. Também usado como homenagem a homens em posição social superior como o Sumo Sacerdote judaico. Usado para adoração a Deus, a Cristo, e com conotação negativa a seres celestiais e demônios. Aparece no Novo Testamento em 54 versículos.


III – Análise dos textos Bíblicos
a. Textos que usam a palavra hachah (adoração, prostrar-se, prostrar-se ao chão...)

O texto de 1Sm 24.8 fala de uma situação em que Davi tinha Saul ao alcance de sua espada, entretanto limitou-se a cortar um pedaço de sua roupa. Buscando paz com Saul, Davi prostra-se ao chão, com o rosto em terra e pede a Saul que confie nele, pois poupando-lhe a vida provava que não queria seu mal.

A expressão “fez-lhe reverência”, no contexto deste versículo significa cumprimentar reconhecendo a superioridade da pessoa a quem se dirige. Leia os versículos anteriores e você poderá ver que os homens de Davi queriam que ele matasse Saul, porém Davi arrepende-se do que já havia feito – cortar o manto – já que vê em Saul “o ungido do Senhor”.

O texto de Gn 27.29 é parte da bênção de Isaque, que Jacó com astúcia tomou de Esaú. Não há qualquer hipótese de outra tradução além de respeito ou homenagem, já que Isaque está falando não apenas de Jacó, mas do povo que se originará nele e das nações que os rodearem. Esta bênção começa a cumprir-se quando Jacó sai da casa de seu sogro Labão. Ela torna-se clara, quando ele é amparado por seu filho José no Egito e recebido pelo próprio Faraó.

b. Texto que usa a palavra hadar (honra, serenidade ou calma...)

A respeito de Lm 5.12, com toda certeza, o contexto não nos permite traduzir por nada que tenha um sentido maior que saudação respeitosa.

O profeta Jeremias está lamentando a situação em que o Povo de Deus se viu lançado após a invasão dos babilônios, e, especificamente, neste versículo, e seus imediatos (11 e 13), falam das desgraças das mulheres, das virgens, dos príncipes, dos velhos, dos jovens e dos meninos.
Não deixa de ser terrível observar que o profeta vê como equivalentes os sofrimentos do povo à falta de reverência aos velhos.

c. Texto que usa a palavra guwr (submeter, morar com...)

Sobre o Sl 22.23 há duas lembranças que devem nortear nossa leitura:

1) É um salmo muito citado no Novo Testamento, como referência expressa a Jesus (veja: Mt 27.35, 39,43 e 46 – Jo 19.23,24 e 28 – b 2.12) e a seus sofrimentos. É, portanto um Salmo messiânico: foi cumprido em Cristo. Veja o início do Salmo: ele foi citado textualmente por nosso Senhor quando estava na cruz.

2) Nosso versículo encontra-se dentro de um paralelismo.
- Vós que temeis o SENHOR,
-- louvai-o;
-- glorificai-o,
- vós todos, descendência de Jacó;
-- reverenciai-o,
- vós todos, posteridade de Israel.

O paralelismo aponta nitidamente para 3 ações que as mesmas pessoas (vós que temeis o SENHOR, vós todos, descendência de Jacó, vós todos, posteridade de Israel) citadas de três maneiras diferentes, devem fazer: louvar; glorificar; reverenciar.

Embora, a idéia de um “crescendo” nos verbos louvar, glorificar e reverenciar possa estar presente, o contexto nos manda a encará-los como sinônimos (neste caso), pois quem deve fazer são as mesmas pessoas.

d. Textos que usam a palavra yare (medo, temor, terror...)

Os textos de Lv 19:30 e Lv 26.2 são iguais. O texto do capítulo 19, conhecido tradicionalmente entre os Judeus como o Kedoshim - santos – lista todos os preceitos que Deus proíbe e exige de seu povo, como povo peculiar e diferente de todos os outros. Neste texto encontra-se uma série de preceitos que vão de alguns mandamentos até a proibição de costurar lã e linho na mesma roupa. Interessantemente há uma ordem a respeito dos anciãos (que em outros textos alude-se a reverenciá-los): levantar-se na presença deles (Lv 19.32).

O texto do capítulo 26 está advertindo contra a idolatria. A lição é clara: Reverência apenas à casa de Deus. Reverenciar outra casa é idolatria.

e. Textos que usam a palavra semno, semnotes (reverência, gravidade, honestidade...)

Dirigida a Tito esta carta de Paulo possui instruções claras de como pastorear a Igreja de Creta. No nosso versículo além de exigir de Tito que seja modelo de boas obras, Paulo ordena-lhe que, ao ensinar, o faça de tal forma, que o adversário fique envergonhado e sem nada o que falar contra. Destaca-se a necessidade de reverência ao ensinar.

f. Texto que usa a palavra aidos (rosto envergonhado, reverência...)

Esta palavra multifacetada em seus aspectos, tem como núcleo o sentido “olhos baixos”. Sua idéia central é servir ao Senhor com senso de extremo respeito.

g. Texto que usa a palavra proskuneo (ajoelhar-se ou prostrar-se...)

Esta é a palavra mais tecnicamente relacionada a adoração em todo o Novo Testamento. Seu uso determina o verdadeiro ato de adoração. E é exatamente este tipo de adoração, que o inimigo de nossas almas tenta obter de nós. Ela envolve o sentido de prostrar-se com o sentido de envolvimento.

Observe que no texto (parábola de Jesus sobre dois servos que deviam ao mesmo senhor e um deles devia ao outro) o servo literalmente “prostra-se prostrando-se com respeitosa humildade” e roga. Ou seja: suplica.


IV – O que a Bíblia nos fala de reverência
Em todos esses textos há alguns significados que se repetem: Cumprimento, consideração de superioridade, prostração e temor. Talvez haja outros mais, porém estes podem ser claramente vistos em todas as palavras.

1. Cumprimento
Não é alusão direta ao cumprimento em si, mas ao sentimento de quem cumprimenta. Observe, que ao encontrar-se com alguém, e cumprimentá-lo reverentemente, o “cumprimentador” está atribuindo grande consideração a seu relacionamento com quem é cumprimentado.

Não é o caso que decorre do cumprimento de iguais, como nós estamos acostumados em nossos dias, mas transmite-nos a força dos cumprimentos de uma época em que as desigualdades sociais eram maiores do que hoje e impossíveis de serem removidas, já que tinham origem familiar.

Talvez possamos ter um vislumbre do que esse tipo de cumprimento significa se nos lembrarmos que, mesmo entre iguais, um cumprimento feito depois de uma separação prolongada nunca é debochado.

Há dois exemplos bíblicos que mostram tais sentimentos de forma muito clara:
1. Jacó cumprimentando seu irmão Esaú depois de muitos anos fugindo dele (Gn 33).
2. João, que, na última ceia com Jesus estava encostado ao seu peito, e que depois de 30 anos, ao revê-lo glorificado prostra-se com o rosto em terra.

No primeiro caso eles estão separados pelo ódio há muitos anos (mais de 20 anos). No segundo caso a separação está impregnada de saudade.

No primeiro caso, a ira de um é aplacada pelos sucessivos presentes do outro, que se aproxima prostrando-se com o rosto em terra (por 7 vezes), e separa-se tão logo pode. No segundo caso a saudade é substituída pela surpresa e pelo espanto. Aquele rosto dócil havia mudado em um rosto com cabelos brancos, com olhos penetrantes como fogo e palavra cortante como espada.

Em ambos os casos há um terrível “respeito amoroso” que leva à prostração. O primeiro com medo e apressado para fugir. O segundo em terna submissão, guiado pelo espanto do que via e ouvia.

2. Consideração de superioridade
Este sentimento também é comum ao campo de significados de cada uma dessas palavras. Sempre que a reverência está presente em alguém, tal pessoa considera o outro a quem se dirige como seu superior.

Parece “chover no molhado” mas não é. Não se pode reverenciar a alguém que se trata com intimidade de iguais. Reverência pressupõe superioridade de quem está sendo reverenciado.

3. Prostração
É um traço peculiar às culturas antigas, muito especialmente das culturas orientais nas quais há certo grau de observação até os dias de hoje. Muito provavelmente tenha-se originado como um sinal de “não ameaça” ou de puro temor.

Até onde pude ver, a prostração só fazia parte da cultura indígena e da cultura africana de nosso país apenas como ritual. Era um traço distintivo da cultura portuguesa, que apesar de suas origens cristãs, chegou a nós grandemente miscigenada com traços mulçumanos da Península Ibérica, recém libertada dos “mouros”.

Tanto nossos antepassados indígenas, como nossos antepassados africanos, apresentavam-se diante de seus deuses dançando, nas ocas ou nos terreiros. Diferentemente, os portugueses, inicialmente cristãos, tinham o hábito de se ajoelhar. Depois e dominados pelos mouros (mulçumanos), apesar do respeito religioso de que gozavam, tinham neles o exemplo de prostração. Expulsos os mouros, cerca de 50 anos antes do descobrimento, do Brasil, a Igreja de Roma, restabeleceu com grande rigidez, todas as práticas anteriores e agravou algumas.

O Brasil, portanto, nasce, e é colonizado por um catolicismo que lutava para se libertar de algumas práticas mulçumanas, mas que apesar disso era extremamente supersticioso, místico e depreciador da obra de Jesus.

4. Temor
Geralmente não nos damos conta do quanto este sentimento está presente na Igreja dos dias apostólicos. Preferimos ressaltar textos como o de Jo 4.18 “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor".

Sem verificar bem a respeito do que João está falando, esquecemos de At 2.43, At 5.5, At 5.11, At 9.31, At 19.17, Rm 3.18, 2Co 5.11, 2Co 7.1, 2Co 7.15, Ef 5.18-21, Ef 6.5, Fp 2.12, Hb 12.28, 1Pe 1.17, 1Pe 3.15-16 e 1Pe 1.23.


V – Traços do que a Bíblia chama de reverência

Reverência é:
- Declaração completa (gestual e vocal) de inferioridade diante de um superior.
- Declaração completa (gestual e vocal) de submissão a quem o reverente se dirige.
- Declaração completa (gestual e vocal) de prontidão a vontade do reverenciado.

Reverência não é:
- Passividade ou apatia. Pois o reverente, além de prostrar-se, se dispõe a atender o que lhe for ordenado.
- Tristeza. Pois o reverente age, com alegria de poder satisfazer a vontade do reverenciado.
- Morbidez ou estado fúnebre. Pelo contrário: o reverente está tão solícito, que embora esteja “com os olhos abaixados” ou “com o rosto no pó” ele o faz com a vivacidade própria dos dispostos.
- Confusão. Pois aguarda-se em silêncio a disposição e as ordens daquele que é reverenciado.


VI – Aplicação
1) Na nossa vida
A reverência é o produto natural de uma pessoa reverente. Não ao contrário. Dificilmente alguém, cuja visão de mundo seja irreverente, poderá ter um comportamento reverente em qualquer ato de sua vida.

O cristão, por causa de sua regeneração, e pela apreciação da grandeza do sacrifício de Cristo em seu lugar proporcionada pelo Espírito santo, e, naturalmente, mais capacitado a viver uma vida reverente.

Veja que o Fruto do Espírito fala diretamente de comportamentos reverentes. Por exemplo: longanimidade, benignidade, bondade, masidão, domínio próprio. Etc.: “22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio". (Gl 5.22e23)

Veja também que as ordens comportamentais são quase todas de teor semelhante:

Rm 12. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. 11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; 12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes.

Ef 4.30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. 31 longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. 32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.

Ef 5:1 Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; 2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. 3 Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos;

1Pe 1. 13 Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.
Portanto, Agir reverentemente perante a vida, ou viver de modo reverente é um valor cristão.

2) Na nossa adoração
Quase que instantaneamente, ao se falar de reverência, se pensa logo no culto que devemos a Deus. Porém ser reverente no culto é a conseqüência de um viver reverente diante de Deus.
Você já deve ter lido em diversas partes da Bíblia o quanto Deus abomina a pessoa que só “age reverentemente” dentro de sua casa, mas vou destacar três textos que sempre me impressionaram:

1. Is 1.10 Ouvi a palavra do SENHOR, vós, príncipes de Sodoma; prestai ouvidos à lei do nosso Deus, vós, povo de Gomorra. 11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? -- diz o SENHOR. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. 12 Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? 13 Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. 14 As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. 15 Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. 16 Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. 17 Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.

Observe que Deus está insatisfeito com o culto que a ele era dedicado porque ele não correspondia à vida que eles levavam. Eles não viviam em reverência e temor a Deus e se atreviam a comparecer em sua casa.

Ml 1. 8 Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? -- diz o SENHOR dos Exércitos. 9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? -- diz o SENHOR dos Exércitos. 10 Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta.

De um modo surpreendente o Senhor está mostrando ao povo que eles tinham mais reverência para com seus governantes do que para com Ele. Davam aos governantes o melhor, e ao Senhor dedicavam em sacrifício (que tipificava seu Filho) um animal defeituoso. Isso o desagradava tanto que ele preferia ver o templo fechado e o altar apagado.

Jo 2.13 Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. 14 E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; 15 tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas 16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. 17 Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá.

Esta a primeira “limpeza” que Jesus faz no templo. Ocorreu no início de seu ministério terreno. Muito semelhante a que ele faz em sua última semana, destaca-se porém pela premeditação com que ele usa de violência: Ele faz um chicote de cordas.

Veja a que ponto chega a natureza humana: os profetas falaram do desagrado de Deus Pai com o culto reverente que não correspondia a vida “irreverente” que eles levavam. Aqui o Deus filho os encontra levando essa vida dentro da casa do Senhor, pela qual eles estavam mais do que avisados que deveriam ter reverência.

Além de premeditado o castigo e imediato e violento. Surpreendentemente vem das mãos daquele que João tinha liberdade de aconchegar-se no peito. Nunca se esqueça de que não é com esse que a Igreja relaciona-se hoje. Nos relacionamos com o que apareceu a João em Patmos. Os “dias de sua carne” acabaram-se a 2 mil anos. Hoje, apesar de ter natureza humana, como todos nós temos, de cordeiro que tira o pecado do mundo ele, entronizado, reina como o leão e virá como Rei trazendo justiça.


VII – Conclusão
Tanto na vida cúltica, quanto no culto propriamente dito, a reverência deve marcar os atos do cristão, pois ela é parte fundamental da de nosso relacionamento com Deus. Não é a toa que a Palavra de Deus nos diz que o culto é marcado pela razão. Ou seja “culto racional”.

É a razão que nos ensina o que Deus é e o que nós somos. Somos remidos, é certo, mas somos nada diante de Deus. Nossa posição diante dele deve ser “rosto em terra”. Celebramos as bênçãos que recebemos dele diariamente, que nada mais são do que “respingos” da bênção maior: a salvação. Mas, diante dele temos muito mais que agradecer do que celebrar, pois é devido as suas misericórdias que não somos consumidos (Lm 3.22e23).

Se somos exortados a viver de diversas formas que condigam com uma vida reverente, somos exortados também a cultuá-lo de forma reverente: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.28e29).

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