30.5.05

Ordem no culto 1 de 3

Leitura preparatória recomendada:
- Ex 13.1-10 (Tempo anual)
- Lv 23.1-8 (Tempo da tarde)
- Dt 6.13-25 (Tempo de amanhã)
- Dt 16.1-6 (Tempo do por do sol)
- Sl 81 (Tempo marcado)
- 1Co 11.17-33 (Esperar até todos estarem juntos)


Introdução geral ao tema

A idéia desta série de lições nasceu de uma reunião com os Diáconos em que conversávamos sobre a dificuldade em se manter a boa ordem na Casa do Senhor.

Não chegamos a conclusão se determinadas coisas são falta de “vida espiritual” ou simplesmente falta de educação.

Um deles comentou: - Se todos soubessem da dificuldade que temos em evitar bagunça ... E outro logo emendou: - Pastor, o senhor tem que chamar a Igreja à atenção.

Quando eu tentei mostrar que resolveria pouco, ou quase nada, pois com o tempo volta-se tudo ao que era antes, ele arrematou: - Então chame todo dia.

Resumindo: chegamos a conclusão de que o melhor a se fazer é aproveitar que, como perdemos o ritmo das Revistas da Escola Dominical, debater este assunto durante os 3 primeiros domingos do mês de dezembro.

Cá entre nós, eu preferia, em dezembro, estudar a natureza humana de nosso Senhor. Entretanto, como vou fazer isso nos sermões de domingo, espero que estes estudos sejam de grande proveito.


Introdução ao assunto da lição

Você já deve ter notado a ambigüidade do título desta lição. Não encontrei outro melhor. Mas, esta ambigüidade serve para mostrar o quanto este tema é vasto.

Nele posso está me referindo ao que o apóstolo Paulo recomenda quando se trata do comportamento apropriado ao culto - “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem.” (1Co 14.40) – ou, também, à sanidade das doutrinas que são ensinadas na Igreja, como em Cl 2.5: “Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.”

Posso até está me referindo à organização da Igreja. Veja Tt 1.5: “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi”.

Na verdade a palavra ordem comporta muitos outros sentidos. Examiná-los todos, não apenas seria contra-producente como nos desviaria do rumo básico de nosso estudo que é verificar a ordem no que concerne ao aspecto diaconal.


Dicussão parcial: Sobre o tempo

Uma das coisas que mais afligem os diáconos, ou quem está expondo a palavra de Deus, para não falar em quem chegou antes, é a chegada de retardatários.

1. A pontualidade é basicamente uma questão de educação.

Chegar atrasado a um compromisso causa diversos problemas:
. Desrespeita a quem chegou pontualmente.
. Na maioria das vezes obriga a quem está expondo o assunto – se for um professor experiente - a fazer uma recapitulação, pois quem chega atrasado, geralmente, para compensar a falha, quer participar mais e acaba “atravessando” o assunto, ou perguntando aquilo que já foi dito.
. Atrapalha a apreciação daquilo que pode estar sendo motivo de prazer.

Estes 3 pontos acima você pode atestar em muitos lugares. Desde uma sala de aulas, até um espetáculo (cinema, teatro, etc).

Não é desagradável, quando você, finalmente entende como se resolve uma equação, um colega, que chega atrasado, pergunta ao professor, exatamente aquilo que ele já tinha explicado? Não quebra a dinâmica da aula?

O que dizer do sujeito que leva a namorada, o irmãozinho dela, três sacos de pipoca, três “baldes” de refrigerante e cisma de passar na sua frente, exatamente, quando a cena mais importante, para se compreender a trama do filme está sendo passada?


2. A pontualidade pode ser sinal de respeito ao povo de Deus

Porém o pior acontece na Igreja. Muitos não vão à Igreja prestar culto. Vão assisti-lo. Disso decorre, além do que já foi falado, que é comum a todo ajuntamento humano, mais dois problemas, que são peculiares ao “congregar do povo de Deus”:

a. Esfacelamento da unidade - Como o culto não é algo prestado por indivíduos, mas pela Igreja, como coletividade ou “noiva do cordeiro”, ocorre o esfacelamento do que deveria ser um encontro com Deus. Deixe-me explicar melhor:

O culto não é apenas uma reunião de membros de uma mesma sociedade. É uma reunião com Deus. É a oportunidade que a Igreja, como coletividade, tem de encontra-se com Deus e, por assim dizer, antecipar o que fará no grande dia em que se encontrará pessoalmente com quem morreu por ela, com quem a resgatou, com quem a formou, com quem a mantém, com quem a representa diante do Pai.

O culto não é prestado por indivíduos isolados, mas pela comunidade. Se você não levar isso em conta, jamais entenderá o exemplo que o Espírito Santo nos deu logo nos primeiros dias da Igreja: Ananias e Safira, que mentindo a alguns estava mentido à Igreja e mentido ao Espírito Santo.

No culto não sou EU que falo com Deus. Somos NÓS. Por isso dizemos amém, juntos. Por isso todos os que oram dentro de um ato de culto se dirigem a Deus usando a segunda pessoa dos verbos: Senhor, nós estamos aqui ... Senhor nós te agradecemos ... Senhor nós te suplicamos. Etc.

Portanto, o culto só deve começa quando toda Igreja estiver presente. Isso foi tão caro aos reformadores, que escreveram o seguinte:

Quando a congregação se reúne para a adoração pública, as pessoas (tendo anteriormente preparado os seus corações para tal) devem, todas, vir e fazer parte; sem se ausentarem das ordenanças públicas por negligência, ou por desculpa de reuniões privadas.

Que todos entrem na assembléia, não irreverentemente, mas de forma decente e solene, tomando os seus assentos ou lugares sem adorar, ou curvar-se em direção a um lugar ou outro.

Estando reunida a congregação, o ministro, após solene chamamento dos cristãos à adoração do grande nome de Deus, deve começar com oração.

“Em toda reverência e humildade, reconhecendo a incompreensível grandeza e majestade do Senhor, (o qual diante da sua presença, eles comparecem de forma especial) e a própria vileza e indignidade deles para aproximar tanto dele, com sua total incapacidade para tão grande obra; e humildemente implorando a ele por perdão, assistência, e aceitação, em todo o culto que então será realizado; e por uma benção sobre aquela porção específica da palavra que então será lida: E tudo no nome e na mediação do Senhor Jesus Cristo”.

Tendo começado a adoração pública, as pessoas devem acompanhar integralmente, evitando ler qualquer coisa, exceto o que o ministro está então lendo ou citando; e abstendo-se muito mais de todo o cochicho sobre assuntos particulares, conversação, cumprimento, ou reverência a qualquer pessoa que esteja presente ou entrando; também de toda distração, dormir, e outros comportamentos indecentes que possam perturbar o ministro ou as pessoas, ou atrapalhar a si mesmos ou outros no culto a Deus.

Se por alguma necessidade, alguém for impedido de estar presente no começo, tal pessoa não deve, ao entrar, aplicar-se em devoções privadas. Mas reverentemente se compor para unir-se à assembléia na ordenança de Deus que está então sendo realizada.

Por essa razão, as igrejas cristãs, antes de começarem seus cultos, avisavam a toda redondeza. Num tempo em que poucos possuíam relógios, e queria evitar-se a todo custo a imitação dos judeus que tocavam um “berrante” de chifre de cordeiro, inventou-se o sino. Modernamente, por influência das indústrias e, por medo de se parecer católico romano, se tem usado campainhas, sirenes, e outros que tais.

b. A ênfase cada vez maior em se apresentar um show a um auditório que pode ir chegando à medida que todos estão se preparando, para uma “apoteose” final.

Veja que, cada vez mais, a Igreja assume ares arquitetônicos de teatro: Na frente o palco. No restante o auditório. Algumas chegam a ter cortinas e “boca de cena”. Outras se encarregam de ter por trás do palco um cenário pintado. Muitas vezes o templo já é construído pensando em ser usado como um local propício à performance de artes cênicas.

Ou seja: o compromisso com Deus, passa a ser um compromisso com o homem. Mas mesmo assim, chegar atrasado viola aqueles três primeiros pontos, que se aplicam a qualquer ajuntamento humano e demonstra falta de educação.

Quando se presta culto, chegar atrasado, além de ser falta de educação, torna-se pecado, pois atenta-se contra a unidade do Povo de Deus, que o adora.


O que fazer para evitar os atrasos?

Eu já vi muitas tentativas, desde campanhas até exortações. Pela primeira vez vejo uma Igreja, a pedido de seus diáconos, debater o assunto em Escola Dominical. Creio firmemente que apenas a conscientização é o remédio adequado.

Porém não adianta pensar que nunca teremos atrasos. Alguns são legítimos e não dependem de nós. Mas os outros, que são fruto do descaso, podem e devem ser evitados.


Conclusão
Mais do que um compromisso qualquer, o culto é um ato único, que apenas o remido pode prestar, entender e, com ele se deleitar.

Como não vivemos em uma pequena comunidade ao redor da Igreja, não dá pra sair avisando de casa em casa: “vai começar o culto”. Muito menos tocar um sino (se bem que há experiências interessantíssimas com o uso de sinos em Igrejas que se situam no meio de uma área de prédios residenciais). Então precisamos de nos orientar pelos relógios.

Não creio que reste dúvida sobre a grande oportunidade de se respeitar a hora. Não apenas por educação, mas por respeito ao Povo de Deus, e por extensão a ele próprio.

4 comentários:

Rogerio Bergara disse...

Rev. Folton,

Conheço uma igreja, cujo horário de início do culto dominical é às 18:00 horas, na qual ficou estabelecido que, às 18:15 horas, as portas são fechadas e, quem entrou, entrou; quem não entrou, volte outro dia.

Creio que a solução adotada em sua igreja - o estudo do assunto e a conscientização - trazem frutos muito melhores.

Unknown disse...

Pastor folton,

Sou professor dos jovens da minha igreja (1º batista em funcionários 4 João Pessoa - Pb.)tenho sentido no meu coração a vontade de conversar com eles sobre a ordem no culto. parei um pouco e resolvi pesquisar na internet e o seu link foi o primeiro da lista. Louvo ao nosso Deus pois o que eu tinha no coração se confimou com o seu estudo que Deus possa abençoa-lo grandiosamente.
A PAZ DO SENHOR JESUS.

Leandro Brandão.

Pr. Jonas Paulo de Souza disse...

estou pesquisando algo nesta area, amei muito, parabens!
Pb. Jonas

Pr. Paulo César C. Maia disse...

Creio ser um assunto de alta relevância para a igreja, nos dias atuais. Parabenizo-o pela a iniciativa, pois existe uma necessidade na igreja do Senhor Jesus, de se colocar ordem nos cultos. Falo pela minha denominação, pois tenho visto muita manifestação errada em nome do Espirito Santo.